terça-feira, 23 de março de 2010

Simbolismo: a arte de criar o mundo dentro de nós



A partir da premissa de Parmênides de Eléia em que “conhecer é ser”, podemos construir a assertiva de que o homem é um ser simbólico. Se conhecer é entrar em contato com a realidade que nos é exógena e realizar uma união entre essa realidade e nossa essência mental, sem dúvidas estamos afirmando que, de certa forma, nos transformamos naquela realidade observada. Nosso intelecto, instrumento do subconsciente, tem a natureza racionalizadora, processando, comparando, diferindo e assimilando idéias, imagens e conceitos. 


Todo conhecimento adquirido pela experiência com o exterior se torna elementos mentais formadores de nosso inconsciente. Assim, pode-se dizer que o processo de conhecimento se traduz na constante transformação da realidade externa ao homem em uma realidade simbólica de significantes e significados. Todo contato e toda referência que se faz ao mundo, é feito por uma perspectiva simbólica de um universo captado e representado por ícones criados por nossos mecanismos de percepção.


Tudo que observamos e assimilamos pelos nossos canais sensíveis fica guardado e vinculado ao sentimento experimentado na ocasião do contato.

À medida que vivemos o processo de experimentação, aumentamos nosso potencial de intelecto. Crescemos. Amadurecemos. Tudo que apreendemos pelo contato direto ou indireto se torna parte de nós, ficando acomodado nos recantos de nosso inconsciente, nos auxiliando ou nos incomodando sob a forma de pulsões.

Pela lógica aristotélica, só pode ser objeto de desejo aquilo que é conhecido e imaginável. O conhecimento predispõe o desejo. Assim, tudo que assimilamos e guardamos em nosso inconsciente pelas nossas experiências, regerá, de certa forma, nossas atitudes e influenciará nossas vontades.

Em psicanálise freudiana, na simbologia dos sonhos, podemos compreender o fenômeno do desejo processado pelo inconsciente. Toda a matéria arquivada de alguma forma no inconsciente humano, será pulsionada, de forma simbólica, para o nosso estado consciente. Desta forma, torna-se viável uma realização de um desejo suscitado pela experiência, pelo conhecimento.


A forma de pulsão mais expressiva e regular que se pode verificar é o sonho. Nele o inconsciente nos dá sinais, sempre de forma simbólica, daquilo que queremos realizar. Cabe a cada um racionalizar e analisar o conteúdo desses símbolos, comparando-os com as vivências e com os desejos por elas suscitados. São desejos não compreendidos ou até mesmo censurados pelo nosso superego.

Contudo, podemos sim dizer que o homem é um ente simbólico e que conhecer é ser, de alguma forma, tudo aquilo que se experimenta. Somos o que conhecemos, desejamos o que conhecemos. Esse é o equilíbrio da atividade empírica humana.

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