quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cultura underground


A cultura underground é uma forma de expressão artística, política ou filosófica extraída do movimento de contracultura, embora aja quem os toma por sinônimos. É underground tudo aquilo que se encontra fora dos modismos e das revelações midiáticas. É a cultura que deixou de ser moda ou que ainda não alcançou seus holofotes. É caracterizada como contracultura pois é possível perceber nitidamente uma ruptura com os valores culturais sociais. Há uma flagrante valorização daquilo que não é público em detrimento do que está em voga. Essa cultura pode ser observada em todos os campos do cenário artístico: música, literatura, cinema e artes plásticas. O underground não é feito para o comércio. Não engendra superproduções, tampouco assuntos contextuais e modistas. Normalmente trata da realidade, do marginal, do estigma e do subversivo.Toma-se o conteúdo como mais importante, esquecendo-se da estética, e de tudo que for supérfluo. É fortemente combatida por suas características fortes e ameaçadoras. Embora não se fale hoje em dia em censura política, existe uma forte tendência ao seu sufocamento, já que a cultura alberga uma forte apologia à desconstrução do mundo capitalista, do consumismo e da produção sem sustentabilidade e irresponsável.

Contracultura


A contracultura é um movimento que tem seu auge na década de 60, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e com ele novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumindo como uma cultura underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano.

Surgiu então a contracultura que pode ser definida como um ideário altercador que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental. Justamente por causa disso, são pessoas que costumam se excluir socialmente e alguns se negam a se adaptarem as visões aceitas pelo mundo. Com o vultoso crescimento dos meios de comunicação, a difusão de normas, valores, gostos e padrões de comportamento se libertavam das amarras tradicionais e locais –- como a religiosa e a familiar --, ganhando uma dimensão mais universal e aproximando a juventude de todo o globo, de uma maior integração cultural e humana. Destarte, a contracultura desenvolveu-se na América Latina, Europa e principalmente nos EUA onde as pessoas buscavam valores novos.

Na década de 1950 surgiu nos Estados Unidos um dos primeiros movimentos da contra cultura: a Beat Generation (Geração Beat). Os Beatniks eram jovens intelectuais que contestavam o consumismo e o otimismo do pós-guerra americano, o anticomunismo generalizado e a falta de pensamento crítico.

Na década de 1960 o mundo conheceu o principal e mais influente movimento de contra cultura ja existente, o movimento Hippie. Os hippies se opunham radicalmente aos valores culturais considerados importantes na sociedade: o trabalho, o patriotismo e nacionalismo, a ascensão social e até mesmo a "estética padrão".

O principal marco histórico da cultura "hippie" foi o "Woodstock," um grande festival ocorrido no estado de Nova Iorque em 1969, que contou com a participação de artistas de diversos estilos musicais, como o folk, o "rock'n'roll" e o blues, todos esses de alguma forma ligados às críticas e à contestação do movimento.

“De um lado, o termo contracultura pode se referir ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude [...] que marcaram os anos 60: o movimento hippie, a música rock, uma certa movimentação nas universidades, viagens de mochila, drogas e assim por diante. [...] Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que, embora muito próximo de nós, já faz parte do passado”. [...] “De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, um certo espírito, um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica – esta parece ser a palavra-chave – que, de certa maneira, ‘rompe com as regras do jogo’ em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação. [...] Uma contracultura, entendida assim, reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social.” (Pereira, 1992, p. 20).

A partir de todos esses fatos era difícil ignorar-se a contracultura como forma de contestação radical, pois rompia com praticamente todos os hábitos consagrados de pensamentos e comportamentos da cultura dominante, surgindo inicialmente na imprensa foi ganhando espaço no sentido de lançar rótulos ou modismos.

É vital a importância dos meios de comunicação de massa para configurar a contracultura: “pela primeira vez, os sentimentos de rebeldia, insatisfação e busca que caracterizam o processo de transição para a maturidade encontram ressonância nos meios de comunicação” (Carvalho, 2002, p. 7).

O que marcava a nova onda de protestos desta cultura que começava a tomar conta, principalmente, da sociedade americana era o seu caráter de não-violência, por tudo que conseguiu expressar, por todo o envolvimento social que conseguiu provocar, é um fenômeno verdadeiramente cultural. Constituindo-se num dos principais veículos da nova cultura que explodia em pleno coração das sociedades industriais avançadas.

O discurso crítico que o movimento estudantil internacional elaborou ao longo dos anos 60 visava não apenas as contradições da sociedade capitalista, mas também aquelas de uma sociedade industrial capitalista, tecnocrática, nas suas manifestações mais simples e corriqueiras. Neste período a contracultura teve seu lugar de importância, não apenas pelo poder de mobilização, mas principalmente, pela natureza de idéias que colocou em circulação, pelo modo como as veiculou e pelo espaço de intervenção crítica que abriu.

Por contracultura, segundo Pereira, pode-se entender duas representações até certo ponto diferentes, ainda que muito ligadas entre si: Finalmente, esta ruptura ideológica do establishment, a que se se convencionou chamar de contracultura, modificou inexoravelmente o modo de vida ocidental, seja na esfera social, com a gênese do Movimento pelos Direitos Civis; no âmbito musical, com o surgimento de gêneros musicais e organização de festivais; e na área política, como os infindos protestos desencadeados pela beligerância ianque. Pode-se citar ainda o movimento estudantil Maio de 68, ocorrido na França, além da Primavera de Praga, sucedida na Tchecoslováquia no mesmo ano. Pereira (1992) assevera que é difícil negar que a contracultura seja a última –- pelo menos até agora -– grande utopia radical de transformação social que se originou no Ocidente.

Fonte: Wickpedia

terça-feira, 23 de junho de 2009

Fim dos borrões de uma visão manipulada

Uma das grandes mudanças trazidas pelo modelo educativo moderno é o sistema construtivista de ensino. Esse método oferece oportunidades , partindo dos professores, para que os alunos atinjam o conhecimento a partir daquilo que já conhecem. É uma construção própria desse conhecimento, de forma peculiar e dinâmica. A inovação é uma tentativa de se romper com os métodos rígidos que muitas vezes soavam autoritários e ultrapassados. O construtivismo é um ótimo instrumento para se forjar pessoas livres e comprometidas com a verdade, pois aniquila aquele modelo de estudantes que aceitam informações pacificamente, sem questiná-las e sem confirmá-las. Aqueles que conseguirem introduzir esse médoto em suas vidas, certamente serão verdadeiros iconoclastas da vida, pois terão a capacidade de descontinuar os erros trazidos pela falta de observação e de questionamento. Transformarão o mundo em algo natural e simples como tudo aquilo que é, por sí só, absoluto e indevassável pela tolice humana.

Augusto dos Anjos


Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Rimbaud


ALQUIMIA DO VERBO

    Para mim. A história das minhas loucu-
    ras.
    Há muito me gabava de possuir todas
    as paisagens possíveis, e julgava irrisórias
    as celebridades da pintura e da poesia mo-
    derna.
    Gostava das pinturas idiotas, em por-
    tas, decorações, telas circenses, placas,
    iluminuras populares; a literatura fora de
    moda, o latim da igreja, livros eróticos sem
    ortografia, romances de nossos antepassa-
    dos, contos de fadas, pequenos livros in-
    fantis, velhas óperas, estribilhos ingênuos,
    rítmos ingênuos.
    Sonhava com as cruzadas, viagens de
    descobertas de que não existem relatos, re-
    públicas sem histórias, guerras de religião
    esmagadas, revoluções de costumes, des-
    locamentos de raças e continentes: acredi-
    tava em todas as magias.
    Inventava a cor das vogais! - A negro
    E branco, I vermelho, O azul, U ver-
    de. Regulava a forma e o movimento de
    cada consoante, e , com ritmos institivos,
    me vangloriava de ter inventado um verbo
    poético acessível, um dia ou outro, a todos
    os sentidos. Era comigo traduzí-los.
    Foi primeiro um experimento. Escre-
    via silêncios, noites, anotava o inexprimível.
    Fixava vertigens.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Choke


Nesse último domingo assisti a um filme muito excêntrico: Chocke. É uma trágio-cómedia inquietante e de profundo conteúdo. Bem diferente dessas super-produções com resultados direcionados exclusivamente para explorar bilheterias.Na verdade, nem parece filme americano, algumas vezes tinha a sensação de estar assistindo a um envolvente clássico de Almodovar. O mais surpreendente, foi que o filme me trouxe algumas ricas reflexões acerca do comportamento humano. Não obstante, o que mais me chamou a atenção foi uma fala isolada de uma personagem ao ser questionada por seu filho sobre o porquê das pessoas morrerem. A resposta foi a seguinte: "... meu filho,se as pessoas não morressem como iríamos saber o quanto elas são importantes para nós?...".A princípio fiquei estarrecido com a frieza daquele personagem. Porém, após uma sóbria observação daquelas palavras, consegui entender a profundidade daquela ideia que, isoladamente, causava tamanha repugnância. Entendendo a morte como uma perda, o que sugere a ideia suscitada é que não importa o quanto você gosta de alguém ou de alguma coisa, no momento em que você a perde, sentirá o quanto ela lhe era importante. Não que essa importância não fosse reconhecida durante sua permanência, mas porque, a rotina de sua presença anestesiava esse sentimento. Portanto, por mais que valorizemos aqueles a quem amamos, nunca saberemos o quanto nos é importante, pois apenas a sua falta nos evidenciará o tamanho exato dessa importância. Sentir a falta é saber a real medida do valor daqueles que não temos mais por perto.

domingo, 21 de junho de 2009

Erro capitalista


Veja como é incoerente a vida humana do século XXI. Movidos pelo consumismo e pelo estereótipo de sucesso, nos compelimos ao excesso de trabalho.Não temos tempo para descansar,para divertir e nem para nos alimentar. Ficamos estressados, adoecemos e nos afastamos do trabalho. Gastamos dinheiro com tratamento, remédio e alimentação especial. Reservamos um tempo para descansar e recuperar. Quando novamente saudáveis, voltamos ao ciclo da modernidade. Se houvesse equilíbrio, esse ciclo não existiria e o tempo perdido com doenças poderia ser usado para compensar as horas perdidas em produções capitalistas.

Percepção



Percepção nada mais é do que nossa capacidade de identificar as coisas que não estão explícitas. Nosso maior impedimento para a fruição dessa faculdade é o apego excessivo aos sentidos. Aquele que acredita apenas nas coisas possíveis de serem vistas ou de serem tocadas possivelmente terá uma reduzida capacidade de percepção. Tomará uma postura cética na vida, adquirindo uma postura engessada, realista e preconceituosa. Quando não se percebe a possibilidade daquilo que não pode ser visto ou tocado, restringi-se o mundo a um medonho sistema de rotinas chatas e sem sentido.

Fome ou controle gustativo?


A caminho da obsesidade, a populção já se esqueceu o que é sentir fome. Movidos pelo desejo e pelo controle exercido pela industria alimentícia, ninguém mais percebe as reais necessidades de seu organismo, alimentando quase que exclusivamente daquilo que lhe dá prazer. A sensação de fome é importante para estarmos em contato com nossas limitações e decidirmos pela nutrição necessária naquele momento. Um organismo saudável tem o poder de definir o alimento que contém os nutrientes em deficiência, gerando a vontade natural de ingeri-los. Porém, um corpo entoxicado e uma mente viciada pelos sabores e perfumes artificiais, neutralizam essa capacidade. Assim, além de se consumir substâncias prejudiciais, ignora-se as reais necessidades nutritivas, o que fragiliza todo o sistema orgânico dessa pessoa.

Mundo Mágico


De tudo que já fiz parte, nada que valesse a pena integrou minha realidade. Cada rotina perdida, cada noite de ansiedade, cada trabalho executado, nada me fêz uma pessoa melhor. Mas minhas noites furtivas, meus encontros escondidos e minhas poesias ensaiadas, isso sim, me fêz conectar com a minha potencialidade criadora. A expansão da mente e a desconstrução das regras, nos tornam impermanentes, assim como a existência de todas as coisas. E é nessa impermanência humana que desejo plantar meus sonhos, minha felicidade e minha vida. É formidável tentar desvendar os olhos dos conceitos que me foram impostos, aprender por minhas próprias experiências e valorizar a grandiosidade das coisas imperceptíveis.